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Visitámos este restaurante por volta de 10 de Janeiro, numa visita não marcada e um pouco do momento. Foi um jantar em estilo de despedida, uma despedida de Portugal, durante o próximo meio ano, para o começar de uma toda nova aventura em Orlando, na Walt Disney World, sem dúvida ‘a lifetime experience’, assim esperamos!

Voltando ao restaurante, aparecemos mais uma vez sem marcação (não sei se sentem o mesmo, mas tudo o que não é marcado e sai do momento sabe sempre melhor! ), fomos cedo é certo, e ainda havia uma mesa livre, só de dois, perfeito!

Sentámo-nos, apreciámos a decoração e vale mesmo a pena apreciar! Ela ficou encantada com uma ‘escultura’ feita de tachos, têxtos, pinças e tudo e mais alguma coisa relacionada com a cozinha, tudo em metal e tudo amarrotado com um martelo (bem pesado!) e posteriormente soldado! A mim fez, de alguma forma, lembrar o símbolo dos Moto-Ratos! eheh! Estava ‘pendurada’ na parede e realmente condizia com o resto da decoração, pela sua rusticidade, os acabamentos feitos com pinceladas não muito doseadas, quadros cómicos de tão simples que eram, cores fortes predominando o laranja, sala pequena com cerca de 20 lugares.

No serviço estava o feliz dono do restaurante, sozinho, o que fez com que depois dos pratos escolhidos, e já com as entradas na mesa, ainda não tinha a carta de vinhos, e falando nesta, este pequeno restaurante foi escolhido por isso mesmo. Foi distinguido, (e bem) pela sua relação qualidade-preço e pela ‘Carta de Vinhos a Copo’ (mais de 100, mas entre tantos, a falta de, por exemplo, espumantes tirou-me alguma credibilidade ao mesmo prémio.)

Passando o pequeno incidente com o atraso das bebidas, para entradas escolhemos ‘Queijo Brie Panado com compota de groselha’ e ‘Croquetes da Montanha’. Cerca de 3€ por cada entrada, o queijo aceitável, bem panado e sem excesso de gordura, a compota, apesar de ser ‘de frasco’ era de boa qualidade, fresca e não enjoativa. E o prato era assim mesmo, dois triângulos de queijo e dois círculos de compota, nada mais e era bom assim, more is less. Fui pelas sugestões do dono do resturante nos vinhos e para este veio um Bucelas (3,5€, qualquer coisa …’edição centenário’ 08.) Tenho pena de não ter anotado o nome deste vinho, excelente acidez, com boa persistência, lembrava muito verde, verde de relva, verde de fresco vegetal, molhados, vivo na boca, quase de certeza que era um arinto, talvez pontas de malvasia, com  estrutura suficiente para o queijo. Ela comeu os croquetes, que na sua base eram uns croquetes de carne de caça e enchidos, talvez com mais sabor a enchidos do que a caça, pecou por alguma falta de ‘equilíbrio’ no sabor, assim como pela sua textura não cremosa, também não ‘farinhenta seca’, mas aí pelo meio. Exagerada também era a enorme quantidade de salada em que vinham assentes os croquetes, mescla de alfaces com um vinagrete de balsâmico a transbordar do prato.

Para principais ( entre os 9-12€) eu fui para coxa de Pato com molho ? (?= frutos vermelhos, doce, para ser sincero parecia baseado na compota do prato anterior, com mais substância) e risotto de espargos verdes. Ela foi costeletas de borrego (tipo carré), com batatinha confitada em azeite e alecrim e molho de laranja.

No pato as coxas estavam um pouco secas, eram fritas, e também bastante gordurosas, mas saborosas. O risotto desastroso, não parecia de todo nenhuma das variedades de arroz possíveis para risotto, além disso e grão estava aberto, demasiado cozinhado, sem textura, e o que é um risotto sem textura? Papa! Os espargos eram frescos, com a sua habitual pungência, o queijo que ligava o risotto de fraca qualidade, um pouco ‘sensaborão’ e parecia que tinha adição de natas o que diluía ainda um pouco mais o sabor. A combinação da carne com o molho adocicado de frutos vermelhos, como previsto, resultou bem. Combinação clássica, principalmente quando é pato. Com este prato veio um vinho do Douro ( o nome também não me lembro, lembro que o enólogo era neto de um muito conhecido e antigo enólogo do Douro, diria Nicolau de Almeida, mas sem certeza!). Voltando ao vinho, sem história, alcóolico, quente, sem frescura, muita fruta madura, encorpado, disco finíssimo e cor concentrada (2,8€)

A 'escultura'.

A 'escultura'.

. Não resultou com o pato, enjoou. Muita gordura, risotto, coxas, além disso pontos doces no prato, com vinho sem frescura ou componente tânica que aguente tal prato… não combinou.

As costeletas de borrego pecavam por estarem demasiado passadas, já as batatinhas estavam óptimas, com alguma doçura e o aroma do rosmaninho a levarem-nas para outro nível, e o conjunto em si, a contar com a laranja resultava muito bem. Boa escolha.

As sobremesas basearam-se no banal ‘Petit gatêau’, com creme de baunilho gelado, normal, competente, e um bolo de chocolate bem húmido com gengibre, que não sobressaia mas fazia-se sentir. Agradável. Acompanhou um porto que também não vi o rótulo, parecia-me um ‘tawny’, mas estava a ferver, era bom. Não mais. (6€)

De destacar os copos que acompanharam a refeição, todos ‘Spiegelau’ incluindo os de água, fantástico. Já as temperaturas e vinhos, fiquei um pouco decepcionado, além do branco não houve mais nenhum que ficasse na memória.

No final a conta rondou os 50€, com café. Consideramos justo, e queremos voltar, desta vez guiando-nos pelas nossas sugestões. O ambiente do restaurante é muito bom, assim como o serviço, o preço também é bastante atraente, principalmente pelos vinhos que será a mais valia do mesmo, tanto pela carta bem escolhida (peca pela falta de opções estrangeiras) como pelo preços do mesmos.

Esta refeição situa-se nas 1* + (o-4), mas com potencial para muito mais, assim o esperamos. A visitar… lá para Setembro!

Contactos:

http://www.criapratos.com

Praceta Maria Gomes – Alcabideche

21 460 2023

restaurante.come@criapratos.com

Published in: on Quinta-feira, 25 Fevereiro, 2010 at 03:50  Deixe um Comentário  
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